quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mãe e pai²

“Quando você era pequena, sua avó chegava todo dia na nossa casa ás 06h da manhã pra ficar com você enquanto eu e seu pai saíamos para trabalhar”. Esta é uma das milhares de histórias que ouvi a vida inteira sobre a participação e importância dos meus avós na minha criação.
Avôs são lindos e fofos – na maioria das vezes – mas existe um manto sagrado sobre as avós, são quase seres divinos. É claro que não precisam – na maioria das vezes – acordar de madrugada para dar de mamar, trocar a fralda, acalmar o bebê de algum pesadelo, fazer cafuné, etc; mas sempre que os filhos precisam, realizam o papel de mãe com maestria.
Sim, o Dia dos Avôs é uma forma de homenageá-los e parabenizá-los e agradecê-los por estarem sempre presentes e sempre dispostos a olhar, cuidar e amar nossos pequenos (ou grandes); mas a gente sabe que - assim como muitos “Dias de...”, Dia dos Avós é todo dia e essa gratidão tem que nos acompanhar sempre.
Quero deixar aqui , bem registradinho, o amor e o orgulho que sinto pelos avós da minha família; os meus – Dona Marlene, Seu José (que já se foi), Dona Pepita e Seu Rogélio – e os da Luna – meus pais que amo tanto, que fizeram ser o que sou hoje e que se doam e amam tanto minha pequena.

No trem...

Estamos passando a semana na casa da minha sogra. Silvio está fazendo um job no Jaraguá e o tempo até a empresa é, pelo menos, 6 vezes menor indo de Perus do que da Guilhermina.

Não tenho dificuldade em ir trabalhar, apenas tive que mudar o meio de transporte, de metrô para trem. Como o povo lá tem vasta experiência sobre este assunto, me orientaram que, a cada 20 minutos, passa um trem vazio; vazio a ponto de ir sentada! E como a "viagem" demora uns 35 minutos, nada melhor, né?!

O caminho de volta também tem seu truque: na Barra Funda, pegar sentido contrário, em direção à Luz. Tenho que ficar de pé neste trajeto, mas na Luz, o povo desce, consigo tranquilamente sentar, uma vez que já estou dentro do vagão e... É o mesmo trem que volta pra Barra Funda!!!

Passar uma semana pegando trenzão e ir olhando pro teto, não dá. Então resolvi arranjar alguma coisa pra ler. Na terça-feira de manhã vi uma prateleira de livros numa loja de conveniência de um posto de gasolina perto do trabalho. Nunca dei muita credibilidade pra este tipo de produto, talvez por preconceito, achando que livro bom mesmo fica em livraria, não em posto de gasolina. Mas neste lugar, um dos livros era "A menina que roubava livros", de Markus Zusak. Livro LINDO que li em 2009. Resolvi dar uma olhada, vai que...

Deparei-me com "A espiritualidade e os bebês", livro espírita de bolso, psicografado por Maria Nazareth Dória. "É um livro destinado a mostrar que, além da matéria, existe também o amor maior do plano espiritual, amigos do outro lado da vida acompanhando e torcendo pelo sucesso de uma nova jornada que se inicia. É um livro que acaricia o coração de todos os bebês, papais e mamães, sejam eles de primeira viagem ou não, e ilumina os caminhos de cada um rumo à evolução espiritual para o progresso de todos."

Acho fundamental a relação entre mãe, bebê e espiritualidade e, desde que Luna nasceu, fui pelo caminho contrário, deixando a rotina me afastar de questões tão importantes pra nossa ligação.

E aí que estou eu, no trem, lendo meu livro, e senta ao meu lado uma mulher de meia-idade. Percebo que ela começa a reparar no que está em minhas mãos, virando a cabeça constantemente para tentar ler o que está na capa do livro. Lá pelas tantas, ela me cutuca e pergunta o título da obra, pois viu que a foto da capa era uma mãe e um bebê.

Informações passadas, ela me explica o motivo da curiosidade. Sua sobrinha-neta de 18 anos é mãe de uma bebê de 6 meses. Porém, a relação dela com a filha era muito ruim; a menina alegava não ter paciência alguma com a bebê,  e chegou a quebrar a madeira do berço com um soco em um momento de choro da filha. A mulher me contou que quem criava a pequena era praticamente ela e a avó; me contou que era espírita e queria saber um pouco mais sobre a relação da doutrina com os bebês.

Expliquei pra ela que, justamente neste livro, li que muitas vezes uma mulher serve apenas como instrumento pra trazer um novo espírito à Terra, mas que quem estava destinado a dar amor e cuidar daquele pequeno ser, eram outras pessoas. A autora diz que, antes daquele espírito encarnar, ele e "todos" que estarão envolvidos com ele na sua chegada se encontram no plano espiritual para se conhecerem. Acredito que este seja o caso dela.

Mas mesmo assim sabe? O amor que sinto pela Luna não me deixa "entender" o que é isso, o que é uma mãe não amar seu bebê, não sentir no fundo da sua alma que ele é a coisa mais importante da sua vida, não querer voltar correndo do trabalho - ou de onde quer que esteja - pra abraçá-lo, vê-lo sorrir, sentir seu cheiro...

O espiritismo pode explicar muita coisa, mas conseguir "entender na pele" é muito diferente...