terça-feira, 25 de setembro de 2012

Space Jam – O jogo do século



Veja dicas de outros filmes que tenham participações relevantes de bebês e crianças ali no cantinho esquerdo do blog.Saiba mais sobre o projeto, aqui.
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Assisti a este filme com aproximadamente 12 anos.
O filme foi um sucesso e todos os produtos que ele originou venderam como água.  
Nesta época a Looney Tunes tinha uma loja só dela no shopping perto de casa. Sua roupa estava na moda, era caríssima e, portanto, desejada pela maioria dos pré-adolescentes.
Lembro que ganhei o CD com a trilha musical do filme pouco tempo depois e tenho o disco no case do carro até hoje.
O filme é divertido e conta com personagens conhecidos ainda nos tempos atuais; fala sobre esporte, trabalho em equipe e a busca de sonhos.

Título original: Space Jam
Duração: 1h 27min
Dirigido por Joe Pytka
Gêneros: Comédia, Fantasia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 1996

Sinopse


Alienígenas querem que Pernalonga e sua turma tornem-se a principal atração de um parque de diversões. Prestes a ser capturado, Pernalonga propõe jogo de basquete em troca de sua liberdade. E para enfrentar o temível time dos Monstars alienígenas, o coelho convoca um importante reforço do basquete americano.
 

Elenco

        Michael Jordan             ... Himself
        Wayne Knight               ... Stan Podolak
        Theresa Randle             ... Juanita Jordan
        Manner Washington      ... Jeffery Jordan (as Manner 'Mooky' Washington)
        Eric Gordon                  ... Marcus Jordan
        Penny Bae Bridges        ... Jasmine Jordan
        Brandon Hammond       ... Michael Jordan - 10 Years Old
        Larry Bird                     ... Himself
        Bill Murray                    ... Himself
        Thom Barry                  ... James Jordan
        Charles Barkley             ... Himself
        Patrick Ewing               ... Himself
         Tyrone Bogues              ... Himself (as Muggsy Bogues)
        Larry Johnson              ... Himself
       Shawn Bradley              ... Himself

Curiosidades:

Space Jam foi filmado exatamente no período em que Michael Jordan havia trocado o basquete pelo baseball, período este que faz parte do roteiro do filme.

The scuffed basketball used in the film is a treasured souvenir owned by director Joe Pytka. When held by Michael Jordan it is real, but whenever it is in flight or controlled by the cartoon characters it is animated.

In order to fill up the audience from a limited selection of characters, one section was made from actual Looney Tunes. The rest were simply replicated over and over and then "seated" next to each other to create the illusion of a full audience.

The gym where the Looney Tunes practice is called "Leon Schlesinger Gym" after Leon Schlesinger, the man who produced the first Looney Tunes and Merrie Melodies.

Noel Blanc (Mel Blanc's son) was originally booked to provide all of the regular Warner Brothers male cartoon characters' voices. But he and Warner Brothers couldn't agree on a contract, so the studio replaced Blanc with four other people to do the 12 male voices, instead of Blanc doing them all.

While praying in church for the return of his basketball skills, Charles Barkley says, "I'm never gonna go out with Madonna again." This refers to his own fling with Madonna (not Dennis Rodman's fling, as previously reported).

Michael Jordan actually wore his college basketball shorts under his Chicago Bulls uniform every game as a good luck charm.

A picture of Bosko, Warner Bros. first cartoon star, can be seen hanging on the wall of the meeting hall, in the scene where Yosemite Sam confronts the aliens.

The concept for this movie originated from a series of highly popular Nike ads where Bugs Bunny and Michael Jordan faced off against Marvin the Martian and his alien henchmen in basketball.

The hat that Bill Murray is wearing at the Bulls game at the end of the movie is the Saint Paul Saints, a minor league baseball team of which Murray was a part owner at the time.

This film marks the debut of Lola Bunny, Bugs' love interest.

When Larry Johnson says that his grandmother can play better than him, it is a reference to the Converse commercial where Johnson plays his Grandmama.

The Monstars/Nerdlucks' names are Pound (orange one), Bang (green), Nawt (magenta), Bupkus (purple) and Blanko (blue). None of their names are mentioned in the film, and neither is the word "Nerdluck."

To keep Michael Jordan happy while filming, Warner Bros. built him his own basketball court.

The couple sitting next to the aliens when they steal the talents of Barkley and Ewing are Patricia Heaton and Dan Castellaneta.

After Daffy suggests naming the team "the Ducks", Bugs asks "what kind of Mickey Mouse organization would name their team the Ducks?" This actually happened in 1993, when the Anaheim Ducks of the National Hockey League were established by The Walt Disney Company.

The Tune Squad's jersey numbers: 1, Bugs Bunny; 2, Daffy Duck; 3, Sniffles the Mouse; 6, Yosemite Sam; 8, Porky Pig; 9, Sylvester; 10, Lola Bunny; 13, Wile E. Coyote; 25, Barnyard Dawg; 33, Foghorn Leghorn; 53, Elmer Fudd; heart symbol, Pepe Le Pew; question mark, Beaky Buzzard.

When Stanley comes into Michael's hotel room and says "C'mon, Michael, it's game time. Slip on your Hanes, lace up your Nikes, take your Wheaties and your Gatorade, and we'll grab a Big Mac on the way to the ballpark." All of those things were products that Michael Jordan had been a sponsor for around that time.

The first animated film to have been edited for content for TV airings.

Referências:

http://www.imdb.com/title/tt0117705/
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-15091/

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

13.09.12 – Luna – 1 ano e 8 meses

"I will cross the ocean for you
I will go and bring you the moon
I will be your hero, your strength
Anything you need
I will be the sun in your sky
I will light your way for all time
I promise you
For you I will"
(For you I will - Monica)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A notícia ao contrário

Cena clássica: mulher chega perto do marido, namorado, ficante ou transa de uma noite, mostra o teste de farmácia e diz “Estou grávida”. Surge assim um leque quase infinito de possíveis reações que a grávida pode esperar do homem que está na sua frente.
Mas e quando acontece o contrário?! E quando é o homem que engravida?
Indo na contramão, como muitas coisas em nossas vidas, foi Silvio que me avisou que eu não era mais uma só.
A história que a mulher sente que está grávida mesmo antes de ter qualquer confirmação médica (ou farmacêutica) funcionou pra mim. Doze horas após o atraso da menstruação eu tinha certeza que havia algo “errado”. Os sintomas da gravidez começaram no dia seguinte e fui ficando mais tensa a cada hora que passava. Como as amigas a quem eu havia contado sobre a questão me diziam que eu não deveria me preocupar e que, quanto mais nervosa eu ficasse, mais atrasaria a descida do fluxo, aguentei quatro dias – quatro séculos – para decidir fazer o teste de farmácia.
Peguei Silvio no trabalho e fomos juntos comprar o temido palitinho. Entramos no shopping e fui direto para o banheiro. Foi o xixi mais misterioso da minha vida; nem os coletados em laboratórios, naqueles potinhos de plástico, me deixaram tão incomodada.
E foi quando eu senti que, dependendo do resultado, eu precisaria do Silvio junto comigo, que eu não aguentaria estar sozinha dentro de um box, no banheiro de um shopping. Imediatamente me vesti e fui sentar ao lado do pai da Luna. Entreguei o palitinho a ele.

Após minutos intermináveis...
Silvio, com a calma de um budista: Li, você tem plano de saúde?
Eu, começando a tremer: Sim, por quê?
Silvio: Porque iremos precisar, deu positivo.
E a continuação desta história está com um ano e oito meses. Cada vez que olho pra ela, penso como aquele dia tão difícil se tornou o maior amor da minha vida. E poderemos um dia contar que papai, num caso "raro" de desequilíbrio emocional da mamãe, ficou sabendo antes de mim que Luna estava chegando.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Vapor com amor

E tudo que é bom na vida, um dia acaba...
Acho que generalizei demais; mas vou falar de algo muito específico.
Quando um novo bebê nasce - dependendo das relações presentes na família – o recente casal ex-grávido recebe ajuda de todos os lados; mas, pra variar, são as matronas que estão mais presentes e se doam o quanto podem. Com a gente foi assim também. As avós da nossa cria, sempre que precisamos, se desdobraram em mil para nos socorrer.
Atualmente eu e Silvio nos revezamos para passar a roupa de casa; e qualquer pessoa que tenha um bebê na família sabe a montanha de peças de algodão, linho e afins que se acumula em poucos dias. Ou seja, nosso cesto está sempre cheio. Mas durante 18 meses sabíamos que ele se esvaziaria uma vez por semana, e as roupas estariam passadas em cima das nossas camas; infalivelmente. E sabem por quê? Porque Dona Otília Medeiros havia se comprometido a realizar tal função. Dominadora da arte do ferro a vapor, a chefe da família Medeiros tomava trem, metrô e lotação de Perus até a minha casa para garantir que os moradores de lá tivessem roupas limpas AND passadas toda semana.
Essa “promessa” começou com os dias contados. A avó paterna de Luna faria a romaria semanal até chegar a data de sua viagem – já marcada quando a pequena nasceu – para sua terra natal; Portugal. E sabe a máxima “Aproveita porque passa rápido”?! Pois bem, a última peça de roupa foi passada pelas mãos da minha sogra no meio de julho deste ano e dias depois ela estava num avião (a sogra, não a peça de roupa), atravessando o oceano.
Nas primeiras semanas Silvio estava trabalhando em casa e tinha mais tempo de cuidar dos afazeres domésticos, portanto fiquei afastada da função de passadeira por mais um tempo. Mas eu sabia que minha hora chegaria. E chegou.
E quando chegou eu descobri porque minha sogra fazia questão de vir toda semana em casa passar nossa roupa e, principalmente, passar a tonelada de bodies, meias, babadores, calças e afins da neta. Porque ela fazia com muito amor. Mesmo exercendo a tarefa com rapidez e perfeição, sei que ela estava cansada no final do dia, porque passava horas de pé, encostada na mesa da cozinha, movendo os braços de um lado pro outro. Mas ela não falhava nunca, fizesse chuva ou sol. E eu só percebi isso quando me coloquei literalmente no lugar dela.
E essa ficha não caiu logo na primeira leva de roupas. Há poucos dias, tarde da noite, enquanto eu dava conta de tirar os amassados da semana, Silvio sugeriu que eu deixasse tudo como estava, porque ele estaria de folga no dia seguinte e poderia dar conta do recado. Mas neste momento olhei para o vestidinho que estava passando e não quis deixá-lo ali, em cima da mesa, interminado. Mesmo exausta, eu queria passar a roupa da Luna, porque aquilo, de um jeito ou de outro, me ligava a ela; queria passar a roupa, porque o amor que eu sinto por ela estava traduzido ali, no vapor do ferro e no calor da roupa dobrada.
É claro que me dá preguiça, dói os braços, dói as costas e, neste exato momento, o cesto lá em casa está cheio, abarrotado; e eu aqui criando coragem pra estender o cobertor na mesa da cozinha, o lençol por cima, empilhar as peças num canto da mesa, encher o ferro com água e começar o trabalho. Mas quando a coragem chega e a pilha de roupas amassadas dá lugar á uma pilha de roupas em miniatura limpinhas, macias e quentinhas, aquece também o coração.
Este pode ser um post de agradecimento à Dona Otília pela dedicação que sempre teve conosco; mas é também de agradecimento por me ajudar a ver a vida – e o cesto de roupas - com outros olhos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O que esperar quando você está esperando.

Veja dicas de outros filmes que tenham participações relevantes de bebês e crianças ali no cantinho esquerdo do blog.Saiba mais sobre o projeto, aqui.
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O segundo post deste blog foi sobre O que esperar quando você está esperando. Escrevi assim que comprei o livro, mas não me recordo de ter escrito nada sobre o título em questão ao longo da gravidez. A publicação é realmente uma enciclopédia completa sobre o “embarrigamento” e apresenta o mundo gestacional para as mamães de primeira viagem de um jeito bem simples (mesmo isso sendo uma contradição, afinal não tem nada de simples para quem está prestes a parir seu pequeno alien) e assusta pela quantidade de páginas que possui. Mas por se tratar de uma referência, não precisa ser digerido por completo, até porque isso seria impossível.

Quando descobri que o conteúdo em papel estava sendo adaptado para as telonas, achei o máximo! E em seguida pensei: como raios esse povo irá transformar um guia gestacional em um filme de ficção blockbuster?! E a escolha hollywoodiana só me fez ter mais certeza na minha tese: faltam bons roteirista criativos no mercado cinematográfico, pois cresce a olhos vistos a quantidade de filmes que surgem sendo baseados em outros tipos de mídia – como livros - de sucesso.

Independente disso meu ingresso já estava garantido sem eu ao menos saber a previsão para o lançamento do filme no Brasil. A curiosidade era maior que qualquer coisa. O livro teve uma importância muito grande pra mim, fui me descobrindo como grávida com ele na minha cabeceira e sei que o que está ali teve muito estudo por trás.

Pra mim foi um ingresso muito bem gasto. O filme é um mistura de sentimentos que combinam muito bem com o período gestacional. É claro que tudo nele faz muito mais sentido para quem já passou ou está passando pelo engordamento-acompanhado, pela adoção ou por situações semelhantes. E ao contrário do que possa parecer, os papéis masculinos nas histórias não ficam em segundo plano e as cenas com grávidos e com papais são divertidíssimas. Recomendo.  


Título original: What to Expect When You're Expecting             
Lançamento: 03 de agosto de 2012
Duração: 1h 50min
Dirigido por Kirk Jones
Gêneros: Comédia, Drama, Romance
Nacionalidade: EUA
Distribuidor: Universal Pictures                      
Bilheterias Brasil: 438.386 ingressos
Ano de produção: 2012                                  

Elenco

Cameron Diaz ... Jules
Jennifer Lopez ... Holly
Elizabeth Banks ... Wendy
Chace Crawford ... Marco
Brooklyn Decker ... Skyler
Ben Falcone ... Gary
Anna Kendrick ... Rosie
Matthew Morrison ... Evan
Dennis Quaid ... Ramsey
Chris Rock ... Vic
Rodrigo Santoro ... Alex
Joe Manganiello ... Davis
Rob Huebel ... Gabe
Thomas Lennon ... Craig
Amir Talai ... Patel

Sinopse

Holly (Jennifer Lopez) é uma fotógrafa casada com Alex (Rodrigo Santoro) e quer muito adotar uma criança. Ele concorda com a ideia, mas a proximidade de receber o bebê faz com que tenha dúvidas se está preparado para a tarefa de ser pai. Wendy (Elizabeth Banks) sempre sonhou com o brilho da gestação e, após dois anos de tentativas, enfim está grávida. Entretanto, ela e o marido Gary (Ben Falcone) precisam lidar com a rivalidade do pai dele, Ramsey (Dennis Quaid), que está esperando gêmeos com a jovem Skyler (Brooklyn Decker). Jules (Cameron Diaz) apresenta um reality show onde os participantes precisam emagrecer e acaba de ganhar a Dança das Celebridades ao lado do parceiro Evan (Matthew Morrison). Eles mantêm um caso há poucos meses e, sem esperar, ela engravida. Há ainda Rosie (Anna Kendrick), uma jovem vendedora de sanduíches que tem relações sexuais com Marco (Chace Crawford), que trabalha como vendedor em outro trailer. Ela engravida, o que faz com que os dois se aproximem cada vez mais.

Curiosidades

O filme e seu título têm como origem os populares guias sobre gravidez lançado com o mesmo nome, cujas vendas bateram a casa dos 14.5 milhões de exemplares somente em 2011.

Os atores Kirsten Wiig, do humorístico Saturday Night Live, e Matthew Morrison, o Will Schuester de Glee, chegaram a ser convidados para participar do longa, mas não aceitaram por conta dos compromissos já assumidos com as gravações de seus programas.

O brasileiro Rodrigo Santoro disse, em entrevista para o ADORO CINEMA, que gostou muito da experiência de trabalhar com atores de stand up comedy, como Chris Rock, pois a improvisação era constante e ele teve que se virar para não ser o tempo todo alvo das piadas.

Foram necessários cerca de dois meses para concluir as filmagens, que ocorreram entre 25 de julho e 30 de setembro de 2011.

Referências:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-193517/
http://www.imdb.com/title/tt1586265/

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quando nasce uma filha, nascem contadores de histórias; e o resto também é consequência.

O primeiro contato que Luna teve com livros foi com pouquíssimos meses de vida. Eram aqueles com apenas fotos de bichos, sendo que uma parte da foto era coberta por tipos de tecidos que imitavam a textura de pele, pelos, penas e escamas daqueles respectivos bichos. Ela teve (tem) três e adorava passar os dedinhos no pelo do carneiro, nas penas do patinho ou na pele grossa do elefante. Luna desenvolveu o tato enquanto aprendia sobre os animais.
Uma segunda leva veio quando Silvio se deparou com uma promoção de livros com histórias da Disney, Pixar e afins. Os livros são lindos, mas contém muito texto pra pouca imagem, o que não despertou muito o interesse da pequena. Conseguimos um tempo depois os livros Festa no Céu, Chapeuzinho Amarelo e Advinha o Quanto eu Te Amo, os três através de um projeto do Itaú de doação anual de livros. Luna gostou um pouco mais, mas não eram mais interessantes pra ela do que brincar de massinha ou entrar na cabana de bolinhas.
Quando fez um ano Luna ganhou livros que a atraíram mais: um deles tinha um botão que imitava o barulho de um elefante e o outro foi um livro-poema sobre os “dilemas” de ser um bebê. E o mundo da leitura entrou em casa através destes dois. O primeiro com páginas duras e quase sem texto; mamãe contando como o elefantinho na selva – com vários outros bichos - bebia água, nadava no rio, comia frutas e encontrava com a mãe; fim. A cada virada de página vinha aquele barulho do animal protagonista, e um sorriso de felicidade no rosto da pequena. O livro-poema continha imagens bem familiares para a minha pequena: bebê chupando chupeta, com a fralda suja de cocô, tomando mamadeira, deitado no berço, lambuzado de papinha, entre outras. Identificação imediata.
Mas o mundo da “leitura” se iluminou quando fiz AS compras do ano na Bienal do Livro. Eram tantos stands infantis que deixariam qualquer mãe perdidinha, sem saber por onde começar. Como meu tempo era curto – pois trabalhei no stand da Secretaria da Educação e o tempo de almoço era contadinho – deixei o horário de descanso pra lá no meio da semana e fui bater perna. Tentei seguir a ordem dos corredores e fui scanneando o mais rápido possível cada pilha de livros. Tentei variar bastante: livro com quebra-cabeça, sobre alimentação de animais, sobre números, ações do dia-a-dia. E aí encontrei uma pilha com o tipo de livro que achei mais interessante pra Luna agora: poucas páginas, muito desenho – com traços bem definidos – e pouco texto; e percebi que o foco agora era desenvolver na pequena o gosto pela historia, pela narrativa; começo, meio e fim; despertar nela a vontade de conhecer “personagens” e saber o que acontece na página seguinte. É claro que a ideia é que eu e Silvio contemos as histórias, mas o começo do processo é esse mesmo, mais pra frente ela poderá ler o próprio livro. Olhei bastante coisa enquanto estive na feira, mas encontrei total identificação com o material da Ciranda Cultural e da Mundo Todo Livro.
Reorganizei a estante do quarto e separei uma prateleira só para os livros. Nossa rotina em casa à noite ficou diferente: colocamos o pijama e Luna vai até a estante escolher o livro que quer. Filha no colo e livro nas mãos. Nesse momento mãe e pai fazem despertar os artistas que existem dentro de cada um; e a história ganha diferentes tons de voz, caras e bocas. Luna geralmente é toda atenção, aponta pra desenhos já conhecidos e repete os nomes que já sabe. Sou a favor da tecnologia e sei bem o quanto ela pode ser benéfica para os pequenos. Mas não tem evolução digital ou gadget que substitua o prazer de ver seu filho virar página por página e se encantar com os desenhos ali no papel.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Too much moderninha

O primeiro registro que tenho na memória de uma peculiar situação que aconteceu na família é: Silvio mexendo no cabelo da nossa cria, ambos sentados no sofá da sala, enquanto eu lavava a louça do jantar. De repente ouço a seguinte frase: “Li, acho que eu vou cortar o cabelo da Luna”.
Pára tudo!!! Vamos voltar só um pouquinho: Luna já nasceu cabeluda. Era tanto cabelo que, se fosse verdade a tal lenda urbana que diz que é proporcional a sensação de azia que a progenitora sente dependendo da quantidade de cabelos de seu feto, eu teria montado uma mini-casa no banheiro pra poder ficar vomitando com a cara enfiada na privada durante os últimos meses de gestação. O que não aconteceu.
O primeiro corte de cabelo da pequena foi aos quatro meses – Luna já era linda, mas os cabelos... – e assim a tesoura veio visitá-la a cada três meses desde então. No dia D do primeiro parágrafo deste texto, Luna estava com uma vasta (vasta!) cabeleira, quase um capacete. Mas uma criança do tamanho dela com cabelo comprido é desproporcional; por isso estávamos deixando as madeixas crescerem até o ponto certo pra fazer um corte moderninho: apenas dar uma repicada na frente, deixar com movimento e tirar um pouquinho de volume. Eu ainda iria pesquisar uns modelos de cortes e tal, sem pressa.
Quando Silvio fez a proposta indecente (isso sim é uma proposta indecente para uma mãe de menina!) aquele dia, eu quase caí pra trás. No começo achei que ele estava brincando e que eu iria fazê-lo mudar de ideia num piscar de olhos, porque minha primeira reação foi: “Não ouse encostar no cabelo dela”. Aí, como bom publicitário, ele foi desenvolvendo aquele discurso de que ele sabe o que faz, que eu precisava confiar mais nele, que seria simples, coisa e tal. Resolvi encerrar a conversa ali mesmo, confiando que aquela maluquice não iria adiante.
Minutos depois ele sai de casa dizendo que iria conversar com o vizinho; isso é comum, já que ambos estão no conselho administrativo do condomínio e o que não falta é pepino pra ser resolvido. Silvio volta de lá dizendo: Já sei como cortar o cabelo dela.
Abre parênteses
A mãe da nossa vizinha é cabeleireira, foi ela quem cortou o cabelo da Luna a maioria das vezes e ela estava na casa ao lado na noite em questão. Portanto, uma ova que ele foi bater na porta ao lado pra falar com o vizinho.
Fecha parênteses
Jura mesmo que ele não tinha desistido da ideia?! Tentei conversar novamente, dizendo que não era do jeito que ele imaginava, que pessoas estudavam para aprender as técnicas certas, que Luna iria se mexer muito e isso faria com que o ato de cortar se tornasse muito mais difícil. Quando percebi que a batalha estava vencida, decidi me conformar e rezar: Silvio faz tudo muito bem feito, ele é metódico e detalhista, não vai fazer cagada no cabelo da minha filha; em último caso, cabelo cresce. Amém!
Silvio arrastou o móvel da lavanderia pra ganhar espaço e levou a banqueta da cozinha pra lá. A capa que colocamos na Luna para que ela não se sujasse de cabelo foi o roupão que Silvio ganhou quando comprou o box com os cinco filmes da sequencia de Rocky Balboa. Silvio ficaria com a função de cortar o cabelo (AI MEU DEUS!!!) e eu com a de distrair a pequena... Vítima. Não foi fácil, momentos de risada, de choro irritado e de silêncio por parte dela; e agonia pura dentro de mim. Mas preferi entoar internamente o mantra ‘Silvio sabe o que está fazendo, Silvio sabe o que está fazendo’. Preferi focar na pequena e nem olhar os cabelos que caíam no chão. Os minutos finais foram terríveis, Luna queria sair dali de qualquer jeito, mas já que havíamos começado o processo, precisaríamos terminá-lo. Quando Silvio considerou que havia finalizado o trabalho, peguei minha filha e a levei direto pro banho; ela estava parecendo um Ewok (mais bonitinho, claro!) e a ideia era tentar desgrudar o quanto antes aquele monte de cabelos de seu pescoço, testa, bochechas e qualquer parte do corpo que estivesse ficado à mostra.
Banho tomado, cabelo seco. Parei pra olhar o resultado e uma tristeza envolveu meu coração. Luna continuava uma graça, mas seus cabelos... Algumas das longas e lisas madeixas, que antes chegavam até seu pescoço, estavam agora curtinhas, BEM curtinhas. Não gostei e fiquei bem puta com Silvio por ter insistido tanto na ideia; mas fiquei mais puta da vida comigo mesma, por ter concordado em levar a tal da ideia adiante. Deixei bem claro que esta tinha sido a primeira e única vez e depois disso não falei mais com ele o resto da noite, ainda inconformada. Eu só pensava em arranjar uma cabeleireira de verdade pra arruma o estrago, no matter what.
No dia seguinte, a caminho da escola, passamos num salão perto de casa que estava ainda abrindo as portas. Começamos uma conversa com a funcionária sem mesmo sair do carro e assim que ela informou que tinha experiência em cortar cabelo de crianças pequenas, não tivemos dúvida: “Moça, coloque esta tesoura pra trabalhar já!... Por favor!” Como tudo ainda estava muito recente, fui tratando de compartilhar a insatisfação da Luna minha insatisfação com a tal cabeleireira; e o que eu ouço em troca? “Não ficou ruim, não. Ficou bom, só precisa de uns ajustes”. Era o tal do inferno astral, só podia ser. Foi o ponto inicial pra eu passar dias ouvindo que só porque EU não havia gostado não é que tinha ficado ruim; mas Silvio também concordou em nunca mais repetir a dose.
(Mais) alguns fios de cabelo a menos e duas presilhinhas de lado, deixamos Luna na escola. Ao buscar minha pequena Joana no final da tarde, leio assim na agenda: “Nossa pequena ficou linda com esse cabelo.” Hunf! Foi combinado! Só pode ter sido combinado! Mas também teve gente que disse que preferia Luninha com sua vasta cabeleira. Ponto pra mim!
Três dias depois fiz um almoço pra comemorar minhas 28 primaveras. Foram basicamente os mais chegados da família e amigos de longa data. Todos que elogiavam o novo penteado da filha da aniversariante eu discretamente fazia o sinal de silêncio e torcia pra que Silvio não estivesse por perto.
 
Passado um mês desde o dia que Sansão perdeu a força – ou não, Luna continua carregando coisas pela casa toda – o corte já melhorou bem; aliás, está quase na hora de tirar a franja dos olhos. O corte está bem moderninho e prático, pra lavar e pra secar quando precisa. Praticamente esqueci como era o cabelo da Rapunzel; tudo que tenho que fazer é esperar o cabelo crescer e, enquanto isso, não olhar as fotos de um mês atrás.