terça-feira, 23 de setembro de 2014

Escrevendo em mim

Ela estava ali ao meu lado, ajoelhada na frente da mesa de centro, na sala da avó paterna. A sugestão de brincar de desenhar foi minha. A vontade de colocar sua mãozinha sobre o papel e contorná-la com canetinha laranja, foi dela. O pedido de ter, em seguida, minha mão desenhada por ela, foi meu. Mas ela recusou. Ao invés disso, trocou o laranja pelo vermelho, se inclinou um pouco para frente, encostou a barriguinha na mesa e a ponta da canetinha no meio da pequena mão que havia acabado de desenhar. Olhei compenetrada para o papel quando a tinta começou a marcá-lo de um jeito que eu nunca havia visto. Quando percebi o que Luna estava fazendo, meu olhar foi direto para o rosto dela. Durante aqueles poucos segundos, meu sorriso ficou meio de lado, com uma gotinha de lágrima pendurada nele. Quando ela terminou, podia ser lido: LUNA.

Isto aconteceu há alguns meses. Mas, além de guardar aquele pedaço de papel, eu queria que aquele momento ficasse guardado para sempre. E agora vai.

Gostaria muito de agradecer a Tia Val, que foi a principal responsável por aquelas quatro letras agora serem escritas assim juntinhas, fazendo tanto sentido para aquela que as carrega em si.

O espiral é uma brincadeira nossa, desde que a coordenação motora de Luna começou a se desenvolver um pouco mais: vamos nos alternando no desenhar, uma começa com a cor que quiser, a outra continua com outra cor que escolher e assim vai, até as voltas não caberem mais no papel.

A arte foi nossa, minha e dela, mas a marca na pele foi do Leandro. Obrigada por me aguentar fazendo caretas e reclamando de dor.

Papai também fez igual. É muito amor!