sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O que bebês e cinema têm em comum?

Sempre vivi muita coisa diferente na minha vida. Minha infância foi repleta de experiências boas, aventuras e passeios. Mas uma coisa não era possível naquela época: mamães e bebês irem ao cinema.
O responsável por isso ser real hoje é o projeto CineMaterna. Na verdade, como no domingo era dia dos pais, o projeto fez uma sessão especial, o CinePaterna. Papai e mamãe ganham o ingresso pra assistir o filme com seu bebê. É claro que esse fator contou na nossa decisão de ir ao cinema.
Um montão de cuidados pra que as sessões sejam agradáveis tanto para os pais, como para os bebês. A sala é levemente iluminada, o som é mais baixo do que o normal; ficam á disposição, na frente da sala, trocadores com todo o kit sobrevivência (fraldas, pomada e lenço umedecido); também na frente na sala, na área plana,  a Fisher Price, que não é boba nem nada, disponibiliza um tapetão com diversos brinquedos para entreter os bebês-nem-tão-bebês-assim.
Tudo é diferente. Primeiro que, quando os adultos vão ao cinema, rola “sempre” um horário mais fim de tarde, começo de noite ou noite adentro. Com um serzinho de 7 meses – ou mais... ou menos – isso fica inviável. Vamos no sentido contrário: a sessão começa 10h30; os ingressos começam a ser distribuídos/vendidos às 10h00; para comprar antes, entrar antes na sala e garantir um bom lugar, é aconselhável chegar 09h30; moramos na Vila Matilde e vamos no UCI do Anália Franco, portanto, a saída de casa deve ocorrer no máximo às 09h00; a missão de dar mamadeira, banho e suco pra Luna, preparar a papinha, fazer a mala dela, tomar banho e tomar café exige que acordemos às 07h00. Sentiu? Acordar ás 07h00 da manhã num sábado pra ir ao cinema.
Tudo pronto! Vamos em direção ao desconhecido.
Ao entrarmos no shopping, olhei no relógio, 09h38; estacionamento vazio... E, de repente, caiu a ficha: o shopping só abre às 10h00! O que ficaríamos fazendo no estacionamento até a hora de abrirem as portas? O momento de aflição durou poucos segundos, ao olhar pro lado vi um casal passando pela porta de vidro automática... Com um bebê no colo! Sigam aquele bebê!
Tudo calmo e silencioso, lojas fechadas, corredores vazios, escadas-rolantes livres. Até chegar à área do cinema. Por alguns instantes confusos, uma excursão barulhenta de crianças me fez achar que o CineMaterna tinha, por qualquer motivo que seja, expandido a faixa etária e teríamos que assistir o filme com serzinhos um pouco mais “energéticos” do que bebês. A dúvida passou quando vi a fila do CineMaterna, com meras 7 pessoas na nossa frente. Passados apenas 15 minutos, a fila dava voltas na escada. Mas era uma cena tão linda de se ver: mamães e papais de todos os estilos; hippies, esportistas, de salto, de tênis, de papete; bebês no carrinho, no bebê conforto, no colo, no sling, no canguru, montado na cabeça do pai; engatinhando, andando, dormindo, mamando, gritando; de vestido, de body, de calça, de meia, de tênis. Fila igual àquela não existe em outro lugar; coisa linda! Uma fila de mães, pais e bebês; com alguns sobrinhos, avós e irmãos mais velhos. Todo mundo se olhava, os bebês se olhavam, as mães se olhavam e olhavam os bebês de outras mães; claro que sempre pensando como o seu era mais bonito, mais esperto, mais talentoso, mais risonho. Normal, né?!
Fomos uns dos primeiros a entrar na sala; escolhemos ficar um pouco mais pra baixo do meio. Já que ficar muito pra cima dificultaria descer até o trocador, ou sair da sala, caso Luna precisasse dar uma voltinha.
Não sei se o cálculo da capacidade máxima da sala leva em consideração que cada bebê exige uma poltrona só pra seus itens pessoais: bolsas, nécessaires, cobertores e brinquedinhos; se não leva, eu levei por conta própria. Impossível revezar no colo dos pais o bebê, e todos os seus acessórios. Um dos colos precisa estar sempre livre para preparar a mamadeira, a papinha ou separar alguma outra coisa que tenha sido tirada de dentro do buraco negro que é a bolsa de um bebê.
Luna entrou na sala dormindo, e assim ficou por algum tempo. Acordou, percebeu que estava num lugar um pouco maior do que a sala de casa e... Nem ligou, ficou ali sentada no colo do pai, olhando pra tela e brincando com as mãos, como adora fazer sempre.
Reclamação chegando aos poucos. E como fazia tempo que ela não se alimentava, tentei dar a sopa – ainda morna – feita naquela manhã. Não quis. Tentei dar a papinha de frutas da Nestlé – porque tem horas (raras) que eu sou a favor de ser mais prática do que “saudável”. Também não quis...  Assim que guardei a papinha e o cheiro doce foi embora, veio um outro cheiro, mais forte, muito mais forte. Cocô!
Hora de usar a infra-estrutura oferecida pelo CineMaterna. Peguei Luna no colo e desci as escadas. Pela primeira vez não me importei de ficar de pé no meio do cinema, atrapalhando as pessoas. Lá o esquema é tão profissa que em cada trocador fica uma integrante da equipe com uma lanterna apontada pra bundica do bebê, facilitando a limpeza.
Mamadeira pronta, mamadeira tomada, soninho demolidor; Luna passou pelo menos metade do filme dormindo no meu colo.  Mas como disse uma mãe no vídeo que o Cine fez sobre o projeto, só de estar ali no cinema, com seu bebê no colo, mesmo que dormindo, já muda tudo; é delicioso porque você está fazendo algo que adora com a presença de alguém que ama. Experiência aprovadíssima e repetições garantidas!